segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Palavras ao léu.

Postado por Henrique Vieira

Eu sempre suspeitei que, além da Petrobrás, o Prozac era o maior patrocinador do cinema brasileiro.
Um patrocinador oculto, claro.
Sua meta não é a divulgação em massa do produto, mas sim: a indução!
Hoje continuo acreditando nisso. Mas só um pouco... =P
A verdade é que nunca me agradei demais desse estilo "ode ao sofrimento!".
Parece uma competição para saber que filme conseguirá fazer você sentir mais a dor alheia.
Imagino bem nossos queridos diretores nacionais (Cláudio Assis e seus amigos) indo ver seus próprios filmes, à paisana, e passando as duas horas da sessão vidrados nos rostos da platéia, medindo o quanto de sofrimento conseguiram impregnar nas pessoas.
Ouvi, por más línguas - aviso logo, que Karim Aïnouz até levava um caderninho e um lápis para não se perder em sua contagem. Mas confesso que não acredito demais nessa última história.

Enfim... Falo, falo... Mas daqui a dois meses entrarei pra faculdade de cinema e começarei a mudar meu gosto, e a perceber o quanto, na realidade, há, sim, de fato, um estupendo teor artístico, que eu, a esse momento que vos falo, leiguíssimo, praticamente analfabeto cinematecamente falando, nesses filmes e como eu era besta, coitado, quando não percebia o quanto ver uma menina adolescente ser estuprada por um cabo de vassoura nas telonas, era carregado de um significado artístico imprescindível ao nosso querido, ambicioso e democrático cinema nacional.

Aí então, daqui a alguns anos, assistindo ao mais novo genocídio sexual explícito das telonas brasileiras, rirei de mim mesmo por ter escrito artigo tão besta um dia.
Consequentemente, tudo isto que acabo de escrever não vale nada. E agora podemos finalmente chegar ao que é mais importante num artigo - explicar o título: palavras ao léu.

3 comentários:

Anônimo disse...

eu vejo mais sofrimento fazendo um filme d'eu olhando o meu reflexo no espelho e perguntado: " o que que a vida vai fazer de mim? "

cabo de vassoura não, sou mais kika e sua escova. Um beijo pro futuro cineasta. :*

Anônimo disse...

Muito bom!!!
Concordo plenamente com o artigo!
O cinema da gente merece mais alegria e movimentação!!

Renato.

caco/carlos/nigro disse...

uma explicação bem rápida pra isso:
o cinema brasileiro sabe fazer (bem) ode ao sofrimento;
as tentativas de incursão nos outros gêneros são, geralmente, frustradas;
o brasiliero é comodista, na maior parte dos aspectos;

conclusão:

"em time que tá ganhando não se mexe"!

(e o futebol entra pra explicar tudo novamente)