terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Cena da Sé.


Postado por Amadeus Orleans


Esses primeiros dias de blog foram corridos demais..
Sendo assim, não pude escrever nada específico para o momento.
Então, aproveito para inaugurar minha participação com uma crítica social em forma de poesia, escrita por mim há algum tempo.

Cena da Sé

A mulher estava deitada na calçada.
Mulher não, senhora.
Deitada não, abandonada.
Calçada não, calvário.

Cobertor e papelão aqueciam do frio.
Véu e caixão escondiam a moribunda.
Os passantes não viam.
As almas transeuntes eram cegas.

Só um gato acompanhava o martírio.
Era a extrema unção.
O chão de poças era o solvente da sua dor
Que não se dissolvia.

Eis o índice de solubilidade: indiferença.


Abraços!

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei, de novo...
Sensível. Bonito. Trágico.