domingo, 11 de janeiro de 2009

Incompletas.

Postado por Amadeus Orleans

Segue uma breve reflexão, ainda incompleta, a ser completada qualquer dia desses.

Dor(es)
A dor não podia ser assim. Não deveria. Dor de vazio, não dor de dor. Algum desinformado poderia chamá-la de saudade, erradamente. Não era saudade, era dor. Havia saudade também, mas estava em outro lugar. Naquele momento só era dor, mesmo.
Você que está gastando sua vida lendo isto, entenda a minha necessidade de repetição. A dor é uma repetição. Ela não é contínua, ela é várias e reincidentes. É insistente, só pra lembrar que existe. O próprio esforço vazio de tentar explicá-la mostra sua capacidade de repetir-se silenciosamente.
Parece ser um mecanismo gerador de outros sentimentos mais específicos. A dor da vontade gera a ansiedade, enquanto a dor da consciência gera a inquietação. E é a dor da ausência que gera a saudade. Aqui fica clara a distinção...
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Sobre o post anterior, estive discutindo o assunto com um grande amigo e um dos caras mais inteligentes e sensíveis que eu conheço, Igor. Ele me chamou a atenção para o fato de que a ONU precisa garantir sua imparcialidade para ter legitimidade. Além disso, a sua autoridade é bastante limitada no âmbito político. As potências internacionais não têm o menor interesse em fortalecer um organismo como a ONU. É isso, tá explicado o ponto 2. Cabe agora pensarmos em como fortalecer o papel da ONU no cenário internacional, mas isso é outra conversa..
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Amadeus Orleans.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Gaza e a covardia.

Postado por Amadeus Orleans
Há treze dias o mundo voltou a pensar em um dos mais lamentáveis conflitos da história recente da humanidade. A origem, os motivos, os capítulos e as previsões da guerra entre palestinos e israelenses são elementos que voltaram a ser exaustivamente discutidos por todos (às vezes de forma irresponsável).
Não pretendo aqui me aprofundar nesses debates. Desejo chamar a atenção para dois fatos em especial, que de uma forma geral não são tocados pela mídia de massa.

1. O primeiro é a omissão das potências mundiais em relação ao genocídio que está se praticando em Gaza. O que se vê são meros atos diplomáticos, no sentido vazio da palavra. Discursos que a opinião pública mundial quer ouvir desacompanhados de qualquer atitude contundente. A conivência hipócrita do mundo diante da covardia do governo israelense nos faz refletir sobre o caráter e a natureza humana.


2. O segundo baseio em matéria que acabo de ler na Folha Online (www.folha.com.br): A ONU anunciou a suspensão de todas as atividades humanitárias na região de Gaza, devido ao ataque de um de seus comboios por artilharia do Exército Israelense. Então, é o seguinte: A invade B, vergonhosamente mata inocentes. C, como organização internacional criada para promover os direitos humanos e a manutenção da paz no planeta (como está claro em sua carta de fundaçào), inicia tardia e timidamente uma ajuda à população desesperada de B. A, o invasor, em um de seus ataques atinge o um comboio de C. Desafiando a lógica, C suspende a ajuda a B, que nada teve a ver com o episódio e é prejudicado e abandonado. Enquanto isso A continua na mesma.


Qual a lógica disso?! Se alguém souber explicar por favor faça isso, porque eu não entendo. Assim como não entendo como a crueldade e a covardia são chagas que se mantêm na humanidade, mesmo depois de milhares de anos de autodestruição.

Pelo jeito não aprendemos nunca.

Amadeus Orleans.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Cena da Sé.


Postado por Amadeus Orleans


Esses primeiros dias de blog foram corridos demais..
Sendo assim, não pude escrever nada específico para o momento.
Então, aproveito para inaugurar minha participação com uma crítica social em forma de poesia, escrita por mim há algum tempo.

Cena da Sé

A mulher estava deitada na calçada.
Mulher não, senhora.
Deitada não, abandonada.
Calçada não, calvário.

Cobertor e papelão aqueciam do frio.
Véu e caixão escondiam a moribunda.
Os passantes não viam.
As almas transeuntes eram cegas.

Só um gato acompanhava o martírio.
Era a extrema unção.
O chão de poças era o solvente da sua dor
Que não se dissolvia.

Eis o índice de solubilidade: indiferença.


Abraços!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Palavras ao léu.

Postado por Henrique Vieira

Eu sempre suspeitei que, além da Petrobrás, o Prozac era o maior patrocinador do cinema brasileiro.
Um patrocinador oculto, claro.
Sua meta não é a divulgação em massa do produto, mas sim: a indução!
Hoje continuo acreditando nisso. Mas só um pouco... =P
A verdade é que nunca me agradei demais desse estilo "ode ao sofrimento!".
Parece uma competição para saber que filme conseguirá fazer você sentir mais a dor alheia.
Imagino bem nossos queridos diretores nacionais (Cláudio Assis e seus amigos) indo ver seus próprios filmes, à paisana, e passando as duas horas da sessão vidrados nos rostos da platéia, medindo o quanto de sofrimento conseguiram impregnar nas pessoas.
Ouvi, por más línguas - aviso logo, que Karim Aïnouz até levava um caderninho e um lápis para não se perder em sua contagem. Mas confesso que não acredito demais nessa última história.

Enfim... Falo, falo... Mas daqui a dois meses entrarei pra faculdade de cinema e começarei a mudar meu gosto, e a perceber o quanto, na realidade, há, sim, de fato, um estupendo teor artístico, que eu, a esse momento que vos falo, leiguíssimo, praticamente analfabeto cinematecamente falando, nesses filmes e como eu era besta, coitado, quando não percebia o quanto ver uma menina adolescente ser estuprada por um cabo de vassoura nas telonas, era carregado de um significado artístico imprescindível ao nosso querido, ambicioso e democrático cinema nacional.

Aí então, daqui a alguns anos, assistindo ao mais novo genocídio sexual explícito das telonas brasileiras, rirei de mim mesmo por ter escrito artigo tão besta um dia.
Consequentemente, tudo isto que acabo de escrever não vale nada. E agora podemos finalmente chegar ao que é mais importante num artigo - explicar o título: palavras ao léu.

Começando...

HENRIQUE - Um blog sobre o que?

AMADEUS - Sobre tudo, sobre idéias.

HENRIQUE - "Tudo"? Humm... Meio vasto né?

AMADEUS - A proposta é essa. Pensar e discutir dentro de um espaço amplo. Vai ser muito interessante.

HENRIQUE - É... Mas a gente vai precisar de um rumo. Tipo... Não é nem “rumo”. É “metodologia”. A gente vai precisar de uma metodologia! Né?

AMADEUS - Isso não precisa ser claro. O importante é a possibilidade de discutir e promover a discussão.

HENRIQUE - Concordo. Mas sobre o que? As condições precárias das ostras no Mar do Norte?

AMADEUS - Hahaha. Discutir coisas da nossa vida, das nossas idéias, dos nossos conflitos. É abrir pra debate o que normalmente a gente pensa sozinho.

HENRIQUE - É. Por sinal (e a gente tava até comentando sobre isso) a gente podia instaurar um ramo meio “existencialista” né? Tipo... Nem eu nem você já lemos demais Sartre e no entanto temos discutido um bocado sobre seus temas... Podíamos nos propor a lê-lo e discuti-lo nesse blog.

AMADEUS - Isso! Mas, mais do que isso: podem ser pensamentos soltos, podem ser críticas políticas, literárias, sei lá. A gente pode colocar poesias e textos nossos. Divulgar vídeos e tal. Tudo sem grandes pretensões.

HENRIQUE - Massa... Massa. Discutir filme é uma boa também.
Enfim... Legal é que estaremos eu em Recife e você em São Paulo, podendo convergir uma série de pensamentos e leitores para um único fórum de discussão.
Pode ficar legal.

AMADEUS - Exatamente! O que vai deixar legal é reunir pessoas com formações e visões de mundo e de futuro diferentes.

HENRIQUE - Ok. Combinado então.
A regra é: não deixar morrer o blog a qualquer custo né?

AMADEUS - Fechado!

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Então é isso, pessoal. Em breve nossas loucuras e bobagens!
Forte abraço!

Henrique e Amadeus.